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"A uma luz perigosa como àgua de sonho e assalto, subindo ao teu corpo real, recordo-te. E és a mesma ternura quase impossível de suportar. Por isso fecho os olhos (O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfantemente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)"
Alexandre O'neill
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Amor é a palavra mais vazia e com má intenção que conheço.
As frases que a usam são arrancadas de livros e lançadas ao vento para quem as apanhar. Estas apanhei-as eu, mas foi pura sorte, ela diz que deve ter sido engano no número telefónico (Ou no mínimo esta é a minha versão dos factos).
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Além do mais se pensarmos bem, estas coisas do Amor levam mesmo muito trabalho. Requerem pesquisa! Já imaginaram os livros que uma pessoa não tem que desfolhar, até encontrar um Amo-te bem encaixado em palavras estranhas que tenham algum absurdo em si e onde a soma dos quadrantes seja igual a um aglomerado de palavras, embora ocas, muito bonitas na sua parelha. É do diabo. Requerem afinco! A Literatura tem que se lhe diga e é necessário desbravar caminho até se encontrar cada vez mais Amores sem igual.
O Amor tem uma escala quantitativa, sabiam? É. Diz quem sabe, que quanto mais requintado, distinto e sem nexo for o Autor copiado, maior é o Amor demonstrado.
Agora para ver se todos entenderam estas coisas do Amor, proponho resolver com vocês um pequeno exercício.
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Ora vamos lá analisar o texto inicial e descobrir se o podemos descartar em alguém!
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Tem a palavra Amor?
-Sim.
Então preenche os pré-requesitos de texto que se pode arrancar e atirar a alguém.
Quantas vezes?
-Uma.
Ui! Na escala quantitativa do Amor fica um pouco aquém das espectativas. Estaria à espera de algo mais sofrido.
Qual é o autor?
-Alexandre O'neill
É um nome amplamente conhecido, por novos e velhos, demonstra pouca pesquisa bibliográfica. Não demonstra genuino interesse, é vulgar.
Tem algum bonus?
-Sim
O quê?
-Palavras como: sonho, corpo real, recordo-te, ternura, impossível, incessantemente, provocação, arder triunfalmente, quero, fechar os olhos.
Hmmm... Nenhuma das palavras me fez ir ao dicionário, por isso também neste caso o dever de desbravar terreno, não foi cumprida. São todas palavras ocas, podendo ser oferecidas a um sujeito qualquer.
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Pontuação Amorista (escala 0-10):
5 (nem aquece nem arrefece - texto descartável - dá tudo e deita tudo fora)
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A dona desta casa vazia, continua a gostar de coisas subtis e de gosto de tis, de beijos no naris, de mãos dadas nos carris.
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